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2. – A REGRA

“A maior necessidade de uma alma consagrada a Deus é a de ser governada. O monge milita sob uma Regra, lei escrita, e sob um Abade, lei viva.”

A Regra de São Bento… “Haec est via”, é o caminho pelo qual Nosso Pai São Bento entrou no céu, o caminho pelo qual devemos aí chegar também e que nos oferece a maior segurança.”

“O texto da Regra não é o texto de um livro qualquer, é o programa de perfeição que devemos realizar; é o programa de Deus. É o verdadeiro programa do amor que devemos a Nosso Senhor. É o código dos direitos de Deus e de nossos deveres.”

Este código é suficientemente detalhado? – “A Regra trata de nossa vida de modo detalhado. Desafio qualquer um a descobrir no dia beneditino um quarto de hora que não esteja em comunicação, em união com a Regra. Nosso Pai São Bento não deixou nada de lado, nem mesmo as coisas mais transitórias! A refeição? Pensa que ele a esquece? De maneira alguma! Ele lhe fixa a hora, a disposição. Ele fixa o acordar, o deitar, o trabalho, o que ele chama de leitura e que é em realidade a meditação da Sagrada Escritura. Ele não esquece nada. Quando aparecermos diante de Deus, seremos indesculpáveis, porque não há nenhum detalhe de nossa vida que não esteja previsto na Regra, sobre o qual a Regra passe em silêncio. Todos os assuntos que possam ocorrer a nosso espírito, que interessem à salvação, à santificação de nossa alma, são tratados na Regra, e de modo admirável. Não há um minuto no dia que possa escapar à Regra.”

“Trate-a com respeito. Diga a si mesmo: Serei julgado por esta Regra. Convém que me esforce por praticá-la. É necessário que eu seja uma alma de Regra. A Regra será a medida com a qual serei medido no juízo final.”

“A Regra, para um filho de São Bento, é, então, preferível mesmo à Bíblia.” Por quê? “O código monástico é para ele a explicação da Sagrada Escritura.”

Qual a finalidade da Regra? “São Bento, sua Regra e sua Ordem estão na Igreja  para formar verdadeiros adoradores de Deus. Todos os detalhes de nossa vida monástica a isso se referem como a um fim dominante e único. Esta visão é a única que pode explicar toda a Regra em seu conjunto, em seus detalhes e sobretudo em seu espírito.”

“O cume da Regra é o amor perfeito.”

Como ela nos conduz até aí? “São Bento começa-o desde o Prólogo: “APRESSAI-VOS, CORREI, diz ele, NÃO TENDES TEMPO A PERDER.”[13] Não se trata de dissertar, de discorrer, de apreciar, de saborear, mas de combater e de marchar. É necessário marcar cada etapa do caminho por vitórias, por obras positivas. Seu estilo eminentemente marcial denota quanto o espírito dos Cecilii, seus ancestrais, havia passado para ele. Essa maneira ardente e guerreira de nos mostrar a virtude prova também que para ele a santidade consiste não em sentimentos, não em palavras, não em projetos, mas somente em atos, sempre em atos. Aí não há lugar para a fantasia. São Bento põe em destaque a ação, a ação militante aplicada ao trabalho que é ao mesmo tempo o mais necessário, o mais decisivo e o mais custoso: o trabalho contra o eu humano, contra a vontade e o julgamento próprios. “A TI, AGORA, QUEM QUER QUE SEJAS QUE, RENUNCIANDO ÀS PRÓPRIAS VONTADES… QUERES MILITAR SOB O CRISTO SENHOR…”[14]

“A Regra, eis a verdadeira Paixão do religioso, o verdadeiro martírio do religioso. Porque o martírio não é uma improvisação, exceto em certas circunstâncias particulares. O martírio é a doação total de si mesmo, de modo algum segundo a vontade do homem, mas segundo o programa de Deus: esse programa, Ele o consignou para nós na Regra de São Bento. A Regra pode pois ser para nós um martírio, não uma Paixão exuberante, mas uma Paixão silenciosa, modesta, muito ignorada, quotidiana, pela prática de virtudes obscuras, da humildade que consiste sobretudo em se apagar para deixar a Deus toda a glória.”

Ela nos mantém na humildade. “A Regra bem compreendida é um remédio contra o germe de loucura que todos os homem herdaram de Adão e Eva. O capítulo sétimo com seus doze graus de humildade, torna o espírito sadio e o põe em equilíbrio. Põe-se a cabeça no lugar submetendo-a a esse jugo abençoado da humildade obediente e da obediência verdadeiramente humilde, que nos faz abdicar do juízo próprio para acatar em tudo o dos superiores.”

Esse equilíbrio favorece nossos dons naturais… “Eles adquirem todo seu valor e todo seu poder. A Regra de São Bento, em sua simplicidade, fez germinar os talentos mais variados. O homem, sob a Regra, torna-se verdadeiramente “um homem”. Posso dizê-lo após uma tão longa experiência: a Regra possui, mais do que qualquer outro sistema, o segredo de formar homens, “viros”. Ela forma o caráter, dá equilíbrio e energia sob a orientação da graça, forja homens que são verdadeiros homens.”

A Regra torna o homem apto para todas as obras. “Quando compreendida e praticada em toda sua extensão, ela forma verdadeiros soldados de Cristo, aptos a auxiliar a Igreja e as almas, através de todo tipo de ministério e obras, capazes de prosseguir o trabalho de sua santificação pessoal em meio aos trabalhos do apostolado.”

De onde ela tira essa maravilhosa eficácia? “Nenhuma Regra apresenta o Código da doutrina cristã como a de São Bento: é o livro mais simples e, ao mesmo tempo, o mais importante. Sua superioridade vem de que é toda orientada para a santidade, através dos meios mais diretos e infalíveis. A Regra de São Bento é essencialmente um código de santidade.”

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