INTRODUÇÃO

A maior parte das pessoas que conheceram Dom Romain Banquet vêem nele um homem de Deus. As almas que se confiaram a ele aprenderam, escutando-o ou simplesmente olhando-o, o que é a autoridade sacerdotal. Ele falava, decidia, dirigia “tanquam auctoritatem habens”, como um homem que acredita na autoridade que recebeu de Deus e que faz uso dela segundo a necessidade das almas. Tudo, nas suas maneiras, tinha o caráter real da autoridade divina. Não era alto, mas sua dignidade se impunha. Sentia-se estar diante de uma alma elevada, forte e simples como um bloco de cristal. Nada o interessava fora de Deus. Quando a conversa se desviava para outro assunto, ele não escutava mais. Procurava somente a Deus. Achava-se que ele não teria lido nenhum livro por curiosidade nem por lazer. Ele parecia feito para agir, para combater, para construir e governar. Não se atrapalhava com sutilezas, análises ou cálculos. Ia direto a Deus. Para isso ele tinha necessidade de alguns princípios indiscutíveis. A Revelação, a Igreja, a Regra de São Bento lhos ofereciam. Ele discerniu os que são essenciais e apegou-se a eles  duma maneira absoluta. Qualquer que fosse o problema que se apresentasse, num rápido olhar, ele captava a relação deste com o princípio e decidia. Nenhuma incerteza dividia o seu espírito. Sua ação era rápida, contínua, irresistível.

Nas suas cartas e nos textos de suas conferências para as monjas de Santa Escolástica de Dourgne, que foram piedosamente guardados, a apresentação da doutrina parece dominada pela afirmação desses princípios. É um chefe que ensina em vista da ação. Não faz demonstrações. Ele dá palavras de ordem, encontra expressões concisas, ardentes, inesperadas, que tocam o espírito, comunicam suas convicções e inflamam o coração.

O sucesso da obra de Dom Romain prova a eficácia desse ensinamento. A comunidade de En-Calcat tinha somente treze anos quando foi expulsa de seu mosteiro. Depois de vários anos de exílio na Espanha, ela recomeçava a prosperar em Besalu, quando a guerra de 1914 disseminou seus monges pelos campos de batalha. Dez deles foram mortos. Essas provações não aniquilaram a fundação de Dom Romain. A comunidade, por humilde e fraca que fosse, sabia bem o que queria, a que aspirava e com que meios podia atingir o seu fim. Qualquer coisa que acontecesse, não havia hesitação nenhuma, nem divisão. Ela tinha unidade pela sua concepção da vida monástica, pelos princípios muito simples, práticos e elevados sobre os quais seu fundador a tinha solidamente estabelecido. Em todas as circunstâncias, ficou  inabalável. O ensinamento de Dom Romain Banquet foi comprovado.

Encontrar-se-ão nas páginas seguintes esses princípios, recolhidos de conferências, cartas e de alguns escritos, tais como ele os ensinava a seus filhos. Esses fragmentos inigualáveis datam, os mais antigos, de 1883 e os mais recentes de dezembro de 1928. Algumas perguntas e reflexões que foram inseridas nos diversos textos, a fim de lhes dar uma unidade, formam com eles uma espécie de diálogo

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