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TESTAMENTO DE DOM ROMAIN

Viva o Coração de Jesus!

Primeira sexta-feira do mês 5 de junho de 1914.

Meus filhos muito amados,

Os homens da minha idade desaparecem em grande número. Só Deus conhece minha hora e meu dia.

Após longas hesitações, parece-me que devo deixar algumas linhas, que, com a bênção do Sagrado Coração, poderão vos servir.

I. Meu Sucessor.

É de vossa honra e de vosso interesse escolhê-lo dentre vós e elegê-lo unanimemente.

Chegareis a tal sem dificuldade, se vos preparardes com fé e pelas sessões preliminares que vos parecerem úteis.

Sede bastante fortes para não haver necessidade de nenhuma intervenção estranha à Comunidade.

Não vos lanceis nem vos percais em conjecturas.

Durando o período indicado é o que tendes de melhor a fazer.

Agrupada ao redor de um chefe, a Comunidade prosperará.

II. O que é importante.

É acima de tudo a vida cenobítica segundo a Regra, com o Opus Dei, razão de ser de nossa vocação, dando preferência à vida claustral, com apego fiel à autonomia e à estabilidade, com a constante aplicação à Escritura, à Teologia, à Patrologia, com o zelo das Observâncias, sobretudo com a profunda e suave caridade.

Nossos missionários só serão abençoados na proporção em que se mantiverem monges segundo os princípios.

No dia em que eles viverem mais do exterior que do interior, eles estarão em perigo.

Não esqueçais que, para constituir uma Abadia, é necessário um mínimo de cinqüenta padres.

Solicitude extrema pelo Noviciado e seu recrutamento e a formação dos indivíduos.

Manter constantemente o Alunato e fazê-lo progredir sempre.

Independentemente dos motivos de ordem geral, é em virtude da Justiça que devemos nossa assistência e nosso devotamento à Abadia de Santa Escolástica. Nosso Senhor que ama essa comunidade abençoar-nos-á proporcionalmente.

Um profundo e religioso respeito, um devotamento infatigável, a dignidade sacerdotal e o desapego devem caracterizar esse ministério.

A Obra Beneditina pela Igreja Padecente adquiriu direito sobre nós. Nosso Senhor a guarda e não devemos negligenciar nada para mantê-la e desenvolvê-la.

III. Saídas da Comunidade.

Nossos superiores não as imporão. Os que crerem dever pedi-las para ir para outros lugares são livres de o fazer. Mas é necessário não esquecer que o voto de estabilidade, que é característico da profissão beneditina, é obrigatório como os outros e que ele traz consigo graças e vantagens das quais é melhor não se despojar facilmente.

IV. Fundações.

Há cinqüenta anos que vejo desmoronar um grande número delas. Outras se debatem na agonia. A explicação está na maneira como estas empresas foram começadas. Meus Filhos, sede mais que prudentes nesta matéria. Dai tempo ao tempo, rezai, interrogai a vontade de Deus. Uma fundação monástica difere totalmente da fundação de um simples posto ou de uma obra.

V. O Temporal.

Nada de dívidas, nada de empréstimos. A pobreza sempre.

Esperar na Providência. Saber suportar as privações. Fazer caridade com ordem, discrição, amplidão.

VI. Ortodoxia.

Exatidão severa em seguir todas as condutas e indicações da Sé Apostólica em tudo e por tudo.

Tomai cuidado com a imprensa e as publicações que se multiplicam.

Se se revelam em nossas fileiras espíritos dissidentes e temerários, não os sigamos.

Invoco sobre cada um de vós, meus Filhos muito amados, as bênçãos do Sagrado Coração de Jesus que vos serão obtidas no instante de minha morte através do Imaculado Coração de Maria. Sua presença e assistência ser-vos-ão sensíveis.

Chegando lá em cima, velarei por vós com mais poder e afeição.

Ir. Romain O.S.B.

Natal de 1914.

Meus Filhos, tomai muito cuidado. Sede Franceses católicos. Franceses monges. Franceses em filosofia tomista. Franceses em teologia tomista. Franceses em toda a ordem intelectual, literária, artística. É o meio de servir à Igreja.

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